«Cuba» - o regresso da escola

Havana

Arrastado por um braço em luta desigual, diariamente pela manhã lá me levavam, a sulcar o caminho de terra do descampado que me levava á escola e para aquela professora que eu tanto abominava.

Por vezes lá conseguia enganar o poder paternal a quem eu devia obediência e a minha querida mãe lá se compadecia com as minhas enormes e fortes dores de cabeça ou de barriga, que me deixavam prostado na cama, tornando-me incapaz de ir á escola nesse dia. Eram dias felizes, esses... por vezes tinham-me que me deixar na casa de umas vizinhas que lhe faziam o favor de tomar conta do doentinho por umas horas. E como eu sofria com dores...

Nesse ano obrigaram-me a trabalhos forçados e o meu calo de escrever cresceu com um tubérculo sob a pele, que até hoje guardo como recordação dessa maravilhosa professora. Lembro-me que numa redacção que tinha que fazer sobre o elefante eu escrevi qualquer coisa como “o elefante tem dois enormes cornos que lhe saiem da boca” (inteligente o míudo :-)) e essa querida funcionária do sistema de ensino vasculhando tudo o que tinha aprendido sobre pedagogia, a quem nos obrigavam a chamar professora, indignada respondeu-me “que cornos deve ter o menino Mário”. Tinha 8 anos, mas guardo esta cena na memória até hoje...estarei traumatizado :-D

Contudo, eram bons esses dias tropicais no regresso a casa onde me cruzava com a quitandeiras com os putos amarrados às costas a vender tangerinas, mangas e abacaxis...