«Holanda» - A Bola

>> domingo, dezembro 16, 2007


Amsterdam


Mercedes Sosa - Gracias a la vida


Sonhei no outro dia que todos nascíamos com uma bolinha, que teríamos que transportar o resto da vida.

No início nasceria minúscula, e a nossa mãe teria o cuidado de a colocar na nossa mão sempre que caísse, enquanto bebés. Essa minúscula bolinha cresceria connosco, da forma e com a velocidade que quiséssemos, de acordo com a formação da nossa personalidade.

Durante a infância já se notavam algumas diferenças na bola de cada pessoa. Todas tinham nascido brancas, e algumas começavam nessa altura a ganhar cores diversas. O tamanho era mais ou menos equivalente e ainda era facilmente transportável num bolso ou na mão fechada. Contudo as principais diferenças eram funcionais, na forma como a usávamos ou a transportávamos: uns jogavam com ela, outros escondiam-na nunca a mostrando, outros ainda, começavam a fazer-lhe desenhos.

Finalmente quando adultos, as coisas transformavam-se por completo. Cada bola era única. Imagino um mundo de pessoas todas transportando a sua bola, da qual não se podiam separar. Seriam bolas coloridas de todas as cores e tamanhos. Decoradas de forma simples ou extravagantes. Umas bolas tinham tamanhos que de tão grandes que dificilmente eram transportadas, mas nas quais os seus donos, de ego inchado, tinham tanto prazer em mostrar. Umas imaculadamente limpas, enquanto que outras tresandavam de tão sujas. Nalgumas tinham colocado piercings. Noutras autocolantes dos países visitados ou dos seus ídolos. Umas saltitavam imenso e outras não tinham um mínimo de elasticidade. Eram pedidas para serem mostradas em entrevistas de emprego. Pessoas formais de fato e gravata que escondiam as suas bolas loucas e alternativas, ou pessoas alternativas que escondiam as suas bolas todas bonitinhas. Criavam-se grupos e seitas constituídas por pessoas de bolas semelhantes. Geravam-se guerras e racismos e religiões devido apenas pelo tipo de bola que usavas. Com a idade enquanto que o seu dono envelhecia, algumas bolas continuavam como novas, enquanto que outras se esvaziavam de forma lenta. Criaram-se verdadeiros impérios empresariais com base em produtos para a nossa bola. Algumas bolas chegaram a ser estrelas de cinema, mais importantes que os seus donos…

No final, a bola desaparecia com o ultimo suspiro de vida, tipo balão cheio, que de repente voa pelo ar ao libertar o sopro da vida que o enche…

Vou pensar como seria a minha bolinha!! E a vossa como seria? E o mundo como o veriam?

SOBRE ESTE BLOG


JÁ FUI as minhas viagens escritas com luz natural em Itália, New York, Tunisia, Cuba, Paris, Turquia, Londres, Cabo Verde, Holanda... AGORA APENAS SOU.

ESTÃO NESTE MOMENTO A OLHAR AS LUZES

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